domingo, 22 de fevereiro de 2015

Embaixador da Guiné Equatorial nega que empresas brasileiras tenham patrocinado a Beija-Flor

Benigno Pedro Matute Tang disse que dinheiro veio de "um fundo cultural", movimentado por empresas do seu país





RIO - A Beija-Flor era aguardada com grande expectativa na Avenida devido à polêmica gerada em torno do valor doado pela Guiné Equatorial para seu enredo. Quando as seis escolas que fizeram parte dos Desfile das Campeãs foram anunciadas no microfone, a escola de Nilópolis, última a desfilar, recebeu fortes vaias. Ao entrar na concentração, o público se dividiu entre vaias e aplausos. De um lado, gritavam que "a campeã voltou"; do outro, "a campeã roubou". Algumas pessoas chegaram a arremessar objetos da arquibancada contra a escola.
No centro da polêmica, o embaixador da Guiné Equatorial no Brasil, Benigno Pedro Matute Tang, voltou a negar que o governo da Guiné Equatorial tenha desprendido qualquer cifra para a escola, assim como empresas brasileiras, mesmo depois de o governo da Guiné ter emitido uma nota afirmando que somente empresas brasileiras teriam patrocinado a Beija-Flor. Segundo ele, o dinheiro investido foi movimentado financeiramente por empresas ligadas à cultura do seu país, por meio de um fundo de investimento.


- Não houve qualquer financiamento por parte do governo, e nenhuma empresa brasileira patrocinou a escola. O que fizemos foi a abertura de um fundo cultural na Guiné, onde empresas ligadas à cultura do meu país depositaram valores que não sei ao certo dizer quanto atingiram. Foram financiamentos culturais. Uns pagaram menos, outros pagaram mais, não tenho como saber o valor total - disse ele, que desfilou no último carro da escola de Nilópolis.
O embaixador afirmou também que o presidente Teodoro Obiang não é um ditador, como a imprensa vem noticiando. Segundo ele, Obiang foi eleito e reeleito democraticamente, e está no poder há 35 anos por escolha do povo.
- Não há ditadura. Há respeito ao voto. Ele vence porque o povo vota. O voto é secreto e não há qualquer tipo de interferência ou manipulação. Nossas eleições são acompanhadas por observadores internacionais e não existe essa história ou qualquer registro de que se algum cidadão do meu país se opor ao governo é ameaçado - disse ele, afirmando que a controvérsia se deve ao fato de o mundo e os países colonizadores ainda terem preconceito com a África:



Estamos acostumados a que falem mal de nós. Mas somos conscientes de que estamos fazendo bem ao nosso país. As pessoas acham que temos que viver como pobres, vestir farrapos como nos navios negreiros. Estamos lutando até hoje contra isso e o que podemos dizer é que muitos africanos foram escravizados no Brasil. E agora, depois de séculos, o que estamos fazendo é juntando culturalmente estes dois países.
Ao deixar a avenida, o embaixador abraçou Neguinho da Beija-Flor, dizendo que eles não fazem política, e sim cultura. A mesma frase já havia sido dita meia hora antes do desfile pelo diretor de carnaval da Beija-Flor, Laíla, que também falou sobre a polêmica.


- Teve polêmica porque quiseram arrumar. A comunidade está aberta para receber o patrocínio do país ou empresa que quiser investir na escola. Poderia ter sido empresa brasileira, ou próprio governo. Mas não vou entrar nesta questão porque acho que a polêmica está se construindo mais em cima do valor que possamos ter recebido do que o enredo em si. O que posso dizer é que não faço política e sim carnaval - disse ele, replicando em sua última frase os mesmos argumentos de Raissa Oliveira, rainha de bateria da escola.
Após abraçar o embaixador, Neguinho, por sua vez, minimizou a questão.
- Já passou. A nossa vitória amenizou tudo - disse.


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